quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Mulher, capitão, soldado, peão




Mulher, capitão, soldado, peão!


Entre nenúfares, emergiu.
Trazia lodo na boca, O corpo repartiu.

Nas ruas de Lisboa, “Pés Pequenos”, caminhava
Cabelo ao vento,
No céu, cavalos desenhava
Prenhe de sonhos, no corpo gerou vida.

Todos os dias LEU.
Cada personagem, tornou-o seu.
Índio, soldado, governanta, capitão.
Amante, feliz, sargento, peão.

No fogão ferve a panela.
Batata, cenoura, nabo, cebola, feijão.
… e a chouriça, que bem cheirava!

Já está cozido. A sopa já se passava.
Agora na tábua corta a hortaliça.
Talvez um dia… príncipes, sultões…
cada vez mais alto, voam dragões.

Na mesa, bem alinhados, como se aprendeu em casa.
Prato! Garfo! Faca!
Direita! Copo! Esquerda! Guardanapo!
A toalha está torta!
Melão! Corta!
Olha o tacho que ferve por fora! Baixa o lume! Agora!

Abre-se a porta, é ele, que alegria!
Nos olhos um sorriso…

- Mau; Há passarinho novo, ou perdeste o juízo?

Prato! Garfo! Faca!
Direita! Copo! Esquerda! Guardanapo!
Desculpa, esqueci-me do pão…
Levanta a mesa, põe roupa a lavar. Dá banho ao menino. 
Põe-o a dormir. Vai lavar a louça. 

Continua a dança. Desfaz-se-lhe a trança.
No nascer dos sonhos, não há lugar para o encher da pança.

O homem ressona dentro do sofá.

Vassoura! Lixo! Pá! A máquina ronca. Acabou de lavar.

— Não podes fazer menos barulho? Não pode um homem descansar!

Agora passar a cozinha com esfregona. Sempre se suja, quando se faz sopa…

Que bom cheiro a alfazema…
Na quinta onde a avó morava, havia alfazema… que bem cheirava…

Se pudesse, voltava lá, apanhava uns raminhos, fazia uns saquinhos…

Punha na gaveta… e alecrim?
Que bom para fazer chá…