segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Tempestade

 








Contos da Escrita Criativa

Exercícios de imaginação



Tempestade


De repente à nossa frente, levantou-se uma onda de mais de dois metros de altura. De todas as vezes que tínhamos ido à pesca, nunca assisti a uma coisa como esta. Segurei-me ao mastro com tanta força, que os dedos das mãos começaram a doer-me. 

Além da força que fazia, certo de que iria borda fora se me soltasse, havia o frio. Um ar gélido, tomava conta da proa. Depois o barco subiu na crista da onda, e vi cavar-se à minha frente uma enorme caverna que era o mar dentro do côncavo da onda seguinte, que abria uma garganta pronta a engolir-me. E logo em seguida o som do barco em queda livre, a cair em seco no vácuo que se abria sob a crista da onda. 

Vi os meus dias a terminarem ali. Quando quis soltar o mastro para ir verificar se o meu companheiro conseguia timonar o barco sozinho, percebi que me encontrava literalmente petrificado pelo medo. Os dedos gélidos, não conseguiam separar-se do cilindro de madeira do mastro à minha frente. E novamente a caverna escura abria uma bocarra imensa, ornada de espuma, e o barulho de queda em seco com toda a madeira do barco a estalar como se partisse, me levava a gritar:

- Valha-me S. Miguel!

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