O cavalo e o Graal
Cada vez me sinto mais longe
da taça do Graal, aquele recipiente para o volátil onde cabe a energia dos
deuses e a sua essência.
Tempos houve, em que quando
fazia reiki sentia toda essa energia invadir-me e cria que ela iria permanecer
para sempre fazendo parte do preenchimento do meu ser. No entanto fui-me
afastando. Por ânsias eventuais de poder ou de dinheiro perdi essa ligação ao divino que tanto me preenchia e fez com que a
doença não se manifestasse durante muitos anos.
Continuo a usar o reiki e
faço-o por vezes com algum sentimento de culpa, pois sei e sinto que Deus, ou
as energias que Dele fazem parte, nunca faltam quando são chamadas com Fé. Todo
aquele que experimentou e sentiu como eu a bênção que é receber reiki sabe do
que falo.
No entanto muitas vezes após
chamar os guias e as energias que me habitam quando as invoco, o meu pensamento
divaga. Vai por aí solto como um cavalo de freio nos dentes e vai do tacho do
jantar ao Facebook, à prestação da casa, à dívida da Segurança Social.
Depois vêm as férias apenas
imaginadas, já que o desemprego não as pode tornar reais e mil e uma ideias,
algumas que me chegam úteis, quiçá canalizadas pelos guias diligentes e
esforçados por entre os dentes do cavalo que conseguiu retirar o freio e o tem
agora a incomodar-lhe os dentes.
Por entre o galope do cavalo
que percorre agora campos de tulipas como as que vi na Holanda, praias desertas
como as do litoral Alentejano no Inverno ou a Serra da Arrábida que sempre me
chama com a sua mágica alienação vejo anjos aflitos batendo asas com medo que
me perca nessas paisagens e não volte … Anjos que por fim desistem.
O cavalo é
sempre um animal de força que me habita, desde os tempos em que percorria a planície
em tronco nu e penas entrelaçadas no meu cabelo ondulante, numa terra vermelha,
também ela perdida de paisagem e dos seus habitantes naturais, onde agora manda
a Besta, aquela que venera o vil metal e não sabe o que significa a palavra
Homem…
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